terça-feira, 22 de abril de 2008

Graça Irresistível

Olá amados.
Que a Paz de Cristo esteja com vocês!


Graça Divina, definição: (gratia salvifica, ou, Charis Sootéerios), pela qual Deus se vê impelido a perdoar o pecado e conceder a salvação à humanidade caída, é a sua disposição graciosa (gratuitus Dei favor), proporcionada por mediação da satisfação vicária de Cristo, revelada no evangelho (Rm 3.25; Jo 20.31).
Lutero nos diz: “Gottes Huld oder Gunst, die er zu uns trägt bei sich selbst.” Ou, “Gratia Dei aliquid in Deo, sc. Affectus Dei benevolus, est non qualitas animi in hominibus. (Lutero diz aqui que a afeição que Deus nutre por nós, não tem origem em nós, mas sim no próprio Deus).

Pergunta (e também premissa) sobre a qual se apoia a doutrina da graça irresistível:
Se Deus é todo poderoso, como pode o homem resistir a tamanho poder?


A aceitação, ou rejeição da doutrina da Graça Irresistível foi objeto que gerou uma série de questionamentos. Os Arminianistas rejeitaram tal doutrina por ensinarem que o homem natural tem de forçosamente possuir livre arbítrio em assuntos espirituais, visto que a sua conversão sem cooperação implicaria em coerção da parte de Deus.


Os Sinergistas, por sua vez, rebatem a ideia da graça irresistível incluindo na fé justificadora a con­duta moral do homem, ou sua auto decisão, ou sua atitude corre­ta para com a graça, Segundo o seu ensino, o crente, ao procurar a certeza de sua salvação, deve confiar na graça divina dentro dele mesmo (gratia infusa), ou seja, na sua santificação.
Enquanto os Sinergistas incluem na fé justificadora a con­duta moral do homem, ou sua auto decisão, os Arminianos insistem em que a fé justi­ficadora abranja também as boas obras dos crentes.

Foi por este motivo que Lutero e todos os teólogos luteranos ortodoxos tão energicamente insis­tiram em que na igreja se ensinasse esta doutrina bíblica: Que a graça justificadora é o imerecido favor de Deus em Cristo Jesus.


Declara a Apologia: "É preciso que na igreja de Cristo se retenha o evangelho, isto é, a promessa de que por amor de Cristo os pecados são gratuitamente remetidos. Aqueles que desta fé nada ensinam... anulam completamente o evange­lho." (Art. IV (II), 120. Triglotta, pág. 155).

Diante disto, rejeito o argumento dos Arminianistas e dos Sinergistas, porque tal repousa sobre falsa premissa; pois “Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Fp 2.13 Cf também Ef. 1.19 Fp. 1.29).


Os Calvinistas por sua vez, insistem em que o homem não pode frustrar os planos de Deus. Que se o homem é tão fraco que não é capaz de resistir ao Diabo e o pecado, por que conseguiria resistir ao Poder de Deus? Ou Deus é Onipotente, ou não.


Conclusão:


A conversão do pecador é realmente obra da onipotência de Deus, Ef. 1:19; é um poder irresistível, porém não coercivo. Até porque, a própria natureza da conversão exclui a ideia de coerção; pois consiste essencialmente na atração do pecador pelo próprio Deus. Jo. 6:44, o que se efetua pelos meios da graça, Ram. 10:17.


Diz a Fórmula de Concórdia: “[Condenamos] se usem as se­guintes expressões. . . que o Espírito Santo é outorgado àqueles que lhe resistem proposital e persistentemente; porquanto Deus, na conversão, faz dos que não querem, pessoas que querem, e habita nos que querem, segundo o diz Agostinho." (Epít., lI, 15).


Do que acima ficou dito, torna-se evidente o quão impor­tante é para o teólogo cristão manter a definição escriturística da graça justificadora; porquanto, sem ela, não poderá nem ensinar a doutrina verdadeira da justificação conforme se acha revelada no evangelho nem excluir da justificação a doutrina da salvação pelas boas obras, tampouco poderá confortar devi­damente qualquer pecador que busca a certeza da salvação. Por conseguinte, onde quer que se perverta a doutrina escri­turística da graça justificadora, toda a doutrina cristã ficará corrompida e paganizada.


Chemnitz diz: "Gratia in articulo iustificationis intelligenda est de sola gra­tuita misericordia Dei."

Com esta definição da graça justifica­dora a igreja cristã permanece ou cai (articulus stantis et ca­dentis ecclesiae).


Rev. Ari Fialho Jr
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Teólogo Luterano
Soli Deo Gloria!

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