sexta-feira, 2 de maio de 2008

Consciência



Como a consciência age no ser humano corrompido pelo pecado.

Consciência:

Conceito do ponto de vista filosófico/humano.

As principais correntes teórico-filosóficas que desenvolveram definições acerca do conceito consciência seguem dois caminhos: o proposto por Descartes e o produzido a partir de F.C. Brentano. Em Descartes a consciência se define como conhecimento reflexivo. Assim, ser consciente é apreender-se a si próprio de modo imediato e privilegiado. Isto leva a uma co-extensão entre consciência e psiquismo. O caminho de

Brentano retoma o conceito de intencionalidade da tradição escolástica, e que se torna conceito central na fenomenologia de T. Husserl. Segundo este caminho a consciência é definida pela intencionalidade, pela referência ou relação a um objeto que caracterizaria como mental imanente ou intencional, excluindo-se a obrigatoriedade da existência real ou efetiva. O critério de intencionalidade fundamenta uma classificação dos fenômenos psíquicos, sem apelar para critérios extrínsecos. Assim, teriam tantos fenômenos mentais quanto modos de a consciência se referir aos objetos imanentes. A esses modos temos considerado: 1) a representação, 2) o juízo e 3) o amor e o ódio. Outros conceitos e definições de consciência incluem também mais alguns modos: Verdade, Senso de Realidade, Auto-conhecimento, Capacidade de entender e Interagir com o Meio, Senso de Moral, Senso Crítico.

Consciência, e Bíblia:

No Antigo e em o Novo Testamento, a palavra Consciência aparece diversas vezes, sempre associada a questões morais. Tendo a ausência, ou presença de pecado, como fator de alteração da própria consciência.

- boa: 1Tm 1.5; 1Pe 3.15-16; Hb 13.18
- limpa: 1Tm 3.8-9
- pura: At 24.16 (grego aproskopos): sem ofensa, sem tropeço.
- em constante exame e submetida ao Espírito Santo: Rm 9.
- I Tm 4.2 Consciência cauterizada
- Tt 1.15 Tudo é puro para os que são puros, mas para os corrompidos e incrédulos nada é puro; antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas.

Exemplos: - Paulo: 2Co 1.12; At 23.1; 2Tm 1.3 (consciência pura antes da conversão).
- Jó estava tranqüilo em todo o seu sofrimento: Jó 27.6

Diante dessas considerações introdutórias, que tiveram por intuito apresentar os pressupostos que norteia minha definição de consciência, tanto do ponto de vista puramente humano, como bíblico, parto para o ponto central da questão proposta: Como a consciência age no ser humano corrompido pelo pecado.

Vejamos:
Embora toda a humanidade esteja corrompida pelo pecado, ainda assim é necessário dividirmos aqui a humanidade em dois grupos distintos: Os que crêem em Jesus como Senhor e Salvador, e os que não crêem.
Uma vez que o estado da consciência é fundamental na postura de cada um diante de Deus, é de supor que os cristãos verdadeiros busquem frequentemente a confissão e o arrependimento com o intuito de manter uma consciência pura.
Porém, a consciência não é autoridade final na vida do cristão, e não deve servir de parâmetro para nos julgar. Ela pode nos iludir ou enganar.
E ai é que veremos a diferença entre salvo e não salvo, entre quem verdadeiramente crê em Jesus como Senhor e Salvador, e quem não crê. Pois aquele que é verdadeiramente convertido, usará como “norte”, como “prumo”, a Santa Palavra de Deus.

Aquele que não é um cristão verdadeiro usará apenas a própria consciência como nivelador da sua conduta. Deste modo, o resultado dos julgamentos do não salvo, por vezes, o colocará em situações contrárias a vontade de Deus.
Isto porque no homem caído, corrompido pelo pecado, a consciência está cauterizada, sob influencia direta do mal. É bem verdade que isto não impede que até certa medida o homem faça o que é reto e justo. Pois conquanto a natureza humana esteja completamente depravada e inclinada para todo tipo de maldade, ainda assim, por causa da lei de Deus que está gravada no coração do homem (Jr 31.33), este busca de muitas maneiras praticar a justiça civil, apresentar certo culto externo a Deus, e andar em retidão, pois julga que através destas “boas obras”, possa aplacar a ira de Deus que recai sobre ele, e até mesmo alcançar o favor divino.
Já no homem salvo, o cristão verdadeiro, a consciência age sempre em concordância com a Palavra de Deus. Pois esta agora não mais está sob influencia do mal, mas sim do Espírito Santo, que o conduz a toda a verdade.

Entretanto, não podemos esquecer que o homem não é “marionete” de Deus. Mesmo os salvos podem cometer erros grosseiros quando ignoram a vontade de Deus, e baseiam seus julgamentos unicamente em sua consciência.
Dos que sabiamente persistiram em ter uma consciência pura diante de Deus, além dos santos personagens bíblicos, e dos pais da igreja cristã, entre tantos outros, temos também o bom e histórico exemplo de Martinho Lutero que, no uso correto da consciência do homem cristão, ao se ver ameaçado de morte pronunciou as celebres palavras:


"Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão - porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável.”


Rev. Ari Fialho Jr.
www.reverendoari.blogspot.com
Soli Deo Gloria!


*Bíblia Sagrada
*BERGER, Peter & LUCKMANN, Thomas 6a edição. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985.

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